quinta-feira, 29 de abril de 2010

Qual é mesmo a questão?

Parece-me ser um assunto recorrente, que vem sempre à tona, a necessidade de identificação nossa com alguma coisa, algo ou alguém. É como se isso moldasse o nosso pensamento, estabelecesse relações com a sociedade, com as instituições, com os outros.

Ser ou estar? Eis a minha verdadeira questão. Não é uma angústia que mata, mas provoca uma boa discussão. Coloquemos o teatro na berlinda. Já fiz teatro de todo o tipo e gosto, performances, e algumas coisas que não posso classificar – poderia, se fosse menos exigente.

Hoje tenho alguns outros que pensam comigo, teatro de grupo... A Pequena Companhia de Teatro ainda está em processo e vai sempre estar, pois é isso que faz com que a vida se estabeleça.

Quando da vivência no dia seguinte da apresentação do espetáculo Entrelaços, na Semana de Teatro do Maranhão/2010, eu utilizei a terminologia teatro físico, mas no sentido de um teatro que exige do físico do ator, e somente. Só que alguém levantou algo acerca da esterilidade proveniente do Teatro Físico, relacionado com a mímica contemporânea.

Nunca havia me aprofundado sobre o Teatro Físico. Na penúltima vez que estive em São Paulo, tive a oportunidade de fazer duas atividades na Cia. Luís Louis. E aproveitei para comprar a dissertação de mestrado dele pela PUC/SP, que trata sobre “A comunicação do corpo na mímica e no teatro físico”. Mesmo sabendo que uso a mímica no espetáculo Entrelaços e no Pai & Filho (quase ninguém percebe, mas alguns movimentos são muito pontuados), alguns pontos levantados pelo Luís têm um sentido enorme no que trabalhamos e pensamos. Nem ouso perguntar se o que fazemos é Teatro Físico, não é isso. O que insisto em questionar é essa necessidade monstruosa de ter que identificar algo com alguma coisa. Parece-me que as relações que fazemos são mais amplas, mais rizomáticas, e com isso, nossos pontos de contato são múltiplos, não dá para fechar em um único pensar, em uma única escola. Um teatro pequeno e múltiplo, talvez.

Essa conversa rende muito. Aqui é só um compartilhamento do que estou lendo e refletindo. Mesmo com alguns dias sem subir nos palcos, parece-me uma eternidade. Talvez o meu ser saiba o que sou, de fato, e esse conflito seja somente a repercussão de minha ansiedade para com o próximo ano.

Nenhum comentário: