quinta-feira, 22 de abril de 2010

3D: Dificuldade - Distância - Dor

Marcelo Flecha está em Sâo Paulo. Jorge Choairy em São Luís. Eu, em Imperatriz (ainda esta semana indo para Palmas-To ficar 45/50 dias desenvolvendo um projeto). Antes de nos separarmos, consignamos que faríamos manutenção do espetáculo, cada um em sua cidade, para que, quando nos reencontrássemos em Imperatriz, para as apresentações em junho), pudéssemos estar menos frios. Essa manutenção, seria: alongamento diário; outra atividade física qualquer; uma origem semanal para, inclusive, fazer uma espécie de mímica dos movimentos da personagem no espaço, e bater o texto.

Agora, vamos ao 3D:

A diificuldade - Uma casa em reforma. Parte dela ocupada. Sem espaço para concentrar-se. Ninguém que possa bater o texto comigo. Um desejo enorme de nada fazer. Outros pensamentos. Outras canções.

A Distância - Tudo parece não existir. A sensação é de que não estou aqui, que não tenho espetáculo para apresentar, que não faço teatro. Entendem exílio? Se em São Luís eu discutia e fazia teatro diariamente, aqui não falo sobre isso. É como se me fosse proibido refletir, dissertar sobre. Tudo é muito confuso e desnecessário. 

A Dor - Parece que estou aqui faz uma eternidade. Demorei dias para desfazer as malas, começar a limpar uma casa engraçada meio que abandonada e suja. As roupas ainda não foram lavadas. Ontem tive o cuidado de fazer minha primeira refeição digna. O desamparo é e-nor-me. Esta não é minha cidade. Este não é meu espaço. Sempre me queixo da inexistência de pertencimento para com o espaço que vivo. Acho que encontrei o meu, e não é esta cidade. Essa dor me consome a ponto de tentar amenizá-la fazendo o mínimo de esforço possível com o corpo, como se ele quisesse hibernar pela ausência de comida, como se não tivesse forças, como se meu espírito estivesse doente...

Decidi fazer alongamento hoje à tarde (ainda estamos nas primeiras horas do dia). Vou colocar uma música, me forçar a isso. Bater o texto sozinho... 

Quando o caminhar requer companhias e quando a temos, deixamos de sentir o prazer do sozinho. Sinto falta da sala de ensaio.

Um comentário:

Luciana Duarte disse...

COMPARTILHO COM VOCÊ 0 3D. QUE PODER É ESSE QUE MARCELO TEM DE NOS DEIXAR ASSIM COM SAUDADES DA SALA DE ENSAIO, UMA DOR QUE NÃO PASSA NUNCA. TRÊS ANOS DE DEUS DANADO E AINDA SENTIMOS FALTA... E PARECE QUE O TEMPO NÃO PASSOU, ELE, ESTA IMPREGNADO EM TUDO QUE FAZEMOS, PENSAMOS...ENFIM NO NOSSO SER-ESTAR...SAUDADE!