terça-feira, 30 de março de 2010

A estética

O universo estético onde estes dois seres se "simbiotizam” (invento palavras quando meu vocabulário se mostra deficiente) é recheado de signos & símbolos que reforçam os motivos do conflito. O cru, linha de pesquisa estética que nossa companhia desenvolve atualmente, vem com um toque de luxo desgastado, aplicando um leve tratamento aos materiais crus explorados, como a linha, a rolha, o papelão, o tecido, etc. Dizer com uma cor, com um objeto, com uma imagem não é tão desafiador quanto o dizer dos atores em cena, mas tem lá seu charme. Convenhamos que nunca, ou quase nunca, aquele detalhe, aquela escolha de material, aquela dobra obsessivamente milimétrica - mas imprescindivelmente necessária - no elemento confeccionado é percebida pelo espectador, e, mesmo assim, nos desdobramos em pesquisas, estudos e escolhas como se alguém efetivamente fosse se debruçar sobre a obra como quem aprecia um quadro de Dalí. Então por que fazemos? Fetiche? Masturbação mental? É a necessidade de completar nosso dizer. No complexo mundo do teatro tudo é pouco, pouco nunca é suficiente, e muito é menos que nada. O discurso deve estar completo de significado para não morrer com a amargura do que ficou sem se dizer. Dramático assim?

É. Nossa arte é feita de vísceras, calos, dores musculares, cortes nos dedos, ossos quebrados e a utópica fantasia de conseguir dizer tudo de uma vez, para nunca mais ter que fazer.

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