domingo, 31 de janeiro de 2010

Se meu diário falasse...



“... o momento se deu a partir da etapa final do ensaio, quando uma porta, algumas peças de figurino e a disponibilidade, percepção cinestésica e vigor inventivo dos atores transformou o ensaio numa prazerosa jornada pelos confusos recantos do fazer teatral. Essas primeiras imagens depois de quatro semanas de trabalho indicam que o tom da encenação parece acertado, a espacialidade reduzida pela opção de uma perspectiva triangular não será problema e se a atenção for mantida cena a cena buscando o criativo visceral, o resultado poderá ser surpreendente ou no mínimo satisfatório...” (Fragmento do meu diário de montagem.)
Acho que se as anotações continuarem assim dá para arriscar uma espiada na estréia dia 09 de abril no TAA.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Que teatro é esse?

Foi-se o tempo em que o conceito de teatro era restritivo. De posse de um conceito formulado, a academia ditava e catalogava o que era e o que não seria teatro. Assim, deu-se para a dança e para a performance o mesmo caráter limitador de criatividade. Foram-se os anéis; ficaram-se os atores.

O ator em seu processo criativo

Por algum tempo fiquei ilhado de gente que queria dizer algo com o teatro, e isso fez com que meu processo criativo desembocasse em espetáculos-solo, vídeos, produção. Assim, pude perceber que o teatro tem glossário próprio, i. e., cada um tem seu conceito formulado de teatro, e é esse conceito que norteia sua obra.

Então, podemos fazer um teatro com não-atores, ou sem atores, e qualificá-lo de teatro. Fazer um teatro de entretenimento, com homens travestidos de mulheres, e classificá-lo de teatro. O que me sugere, independente de estar só no palco com  outro ator para dialogar comigo, não é só o dizer, mas o COMO dizer. Que tipo de processo eu, enquanto ator, me utilizo para dizer o meu teatro?

Meu diálogo é com o outro

Com a Pequena Companhia de Teatro, residente em São Luís-MA, tive a experiência de participar do processo de montagem de Entrelaços, e agora com Pai e Filho. O caminho - a partir do Quadro de Antagônicos preconizado pela Cia. - faz com que o ator tome posse de seu corpo nesse dizer, fazendo com que a dramaturgia do ator dialogue com a dramaturgia do autor, e não fique refém dela. As contaminações entre ambas as dramaturgias são inevitáveis, e constróem assim a encenação.

Segundo vídeo do processo

Esse é um teatro de ator, de escritor e de encenador. Teatro de grupo, em que os amores se consolidam e os humores se dissipam.

domingo, 24 de janeiro de 2010

3ª Semana

Passaram-se três semanas desde o início do processo de montagem de "Pai e Filho". Muito suor. Muito calor. Há alguns anos a pequena companhia de teatro utiliza o "Quadro de Antagônicos" para treinar seus atores e desenvolver suas encenações. O conceito é simples: partindo da idéia de "oposição" os atores experimentam, exercitam e desenvolvem seu repertório usando como instrumento um quadro que apresenta antagônicos como: força & fraqueza, dilatação & retração, peso & leveza, velocidade & lentidão, tensão & relaxamento, etc. Assim buscaremos o pai e o filho. Aqui contaremos. No palco mostraremos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O processo

A Pequena Companhia de Teatro tem seu manifesto; sabe o que quer com o teatro. Marcelo Flecha - encenador da Pequena - tem o seu trabalho de preparação de atores a partir de um manifesto, que incorpora a ideia do fazer teatral da Companhia.

Cláudio Marconcine e Jorge Choairy

Agora, no primeiro espetáculo com o elenco integral da Pequena - Jorge Choairy e Cláudio Marconcine -, Marcelo tem a oportunidade de avançar um pouco mais no seu processo, percebendo a repercussão de seu método/metodologia em corpos que experienciaram esse fazer.

Tendo iniciado em 04 de jan de 2010, o processo pré-expressivo é fisicamente desgastante, já que busca na dramaturgia do ator o instrumental para esse dizer.

Abaixo, um vídeo com parte do processo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sobre Pai e Filho


Carta ao Pai, de Franz Kafka, é a obra que dá origem ao processo de montagem de Pai e Filho. A encenação acompanha a linguagem crua que a pequena companhia de teatro vem desenvolvendo e coloca o acento na relação entre poder e submissão, marca da estrutura familiar patriarcal que se reflete na estrutura sócio-cultural contemporânea. Na peça, um homem oprimido pelo poder do pai, procura enfrentá-lo, rompendo anos de silêncio. O diálogo, ou a falta dele, mostra o conflito de gerações e como a dependência física, psíquica e econômica é utilizada no seio familiar como instrumento de poder.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Prêmio Myriam Muniz - 2010


A Pequena Companhia de Teatro foi contemplada com o prêmio Myriam Muniz - 2010 para montagem de espetáculo e temporada de estreia de "Pai e Filho", a partir da obra "Carta ao Pai", de Kafka.

Os recursos são provenientes do Governo Federal, através do Ministério da Cultura/Funarte.



No elenco, Cláudio Marconcine e Jorge Choairy. Na direção, Marcelo Flecha. Na produção, Kátia Lopes.

As cidades contempladas com a temporada de estreia, são: Imperatriz, São Luís, Balsas e Riachão, num total de 15 apresentações, todas gratuitas.

O treinamento dos atores já teve início, e está acontecendo de segunda a sexta, das 16 às 20h, na Sala do Coro, no teatro Arthur Azevedo.

Durante todo o processo estaremos postando fotos, vídeos e impressões sobre a montagem, que tem previsão de estreia no mês de abril deste ano.